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Tempo de Mudança

A palavra que mais temos ouvido hoje é “crise”. Alguns setores, com razão, por dependerem de mercados externos. Outros, mais por medo e boatos do que por realidade. Vejo todos os dias pessoas se retraindo de medo diante desta “crise” e outras expandindo seus negócios ou abrindo filiais. Qual a diferença básica entre eles?

Mudanças ocorrem continuamente em nossas vidas. Mudamos quando envelhecemos, mudamos de casa, de escritório, de parceiro, de carreira, de ideias, de conceitos, de projetos. Estamos sempre mudando, continuamente, quer queiramos ou não. Esta necessidade de mudança é expressa na filosofia oriental pelo I Ching [Yi Jing], o Livro das Mutações da velha China, escrito em 1121a.C. Segundo esta obra, que é o alicerce de toda a cultura chinesa, tudo neste universo permanece em constante estado de mutação, de mudança. E não podemos escapar a isto, por mais que tentemos. E como os seres humanos tentam!

A inevitabilidade da mudança nos conduz naturalmente a outro conceito taoista: a não-ação (wuwei). Uma das razões para que se entenda a não-ação é justamente a constância das mudanças. Alguém que possui uma mentalidade rígida, que se apega a convicções específicas e possui pouca flexibilidade de ação tende a sofrer mais com as mudanças. A não-ação mostra justamente a possibilidade de se ajustar aos acontecimentos, permitindo que possamos fluir pela correnteza das mutações e transformações diárias, de modo natural e harmonioso.

Mas se a mudança é inevitável, porque não direcioná-la para nossos objetivos? Existe uma história Zen de que eu gosto muito e que aconteceu de verdade. Dois americanos foram ao Japão fazer um retiro em um mosteiro Zen. Depois do almoço o abade solicitou que todos os monges fossem até o terreno dos fundos para que pudessem retirar enormes pedras que estavam atrapalhando o lugar da nova horta. Os dois americanos atacaram a primeira pedra, imensa, e ficaram um tempo enorme tentando arrastá-la e empurrá-la, mas ela era por demais pesada. Depois de muito esforço o abade chegou até eles e perguntou se havia algum problema, pois todos os demais já tinham terminado sua tarefa. Eles disseram que não conseguiram porque a pedra era muito pesada. O abade então perguntou a eles se tinham observado para onde a pedra queria ir. Eles olharam um para o outro sem entender nada. O abade então foi até a pedra e, depois de um exame rápido, pressionou um lado com a mão e a pedra rolou um pouco. Pressionou outro lado e ela se deslocou de novo, mais um pouquinho. Em pouco tempo a pedra estava fora do morro.

O que podemos entender disso é que existe sempre uma tendência de movimento em tudo e que podemos aproveitar esta tendência para nossos objetivos. Se você sempre quis ter o próprio negócio e por causa da “crise” perdeu o emprego, esta pode ser a hora de trabalhar por conta própria. Um vendedor ambulante de salsichas cozidas dos EUA no século XIX emprestava uma luvinha de algodão para que seus clientes não sujassem as mãos. Depois de muito prejuízo (pois grande parte deles se esquecia de devolver a luva) ele resolveu enfiar a salsicha dentro de um pãozinho. Inventou o cachorro-quente, porque as coisas estavam caminhando naquela direção e, ao invés de desistir por conta do prejuízo, ele buscou uma nova abordagem.

Sempre que se deparar com mudanças significativas em sua vida, pare e responda estas questões:

1- Qual a verdadeira influência disso em minha vida? (seja sincero e deixa as emoções de lado) 2- O que essa situação está tentando me dizer? (sempre existe uma lição oculta em toda mudança) 3- Em que direção isso está me levando? (as mudanças alteram o fluxo de acontecimentos – verifique qual a tendência deste fluxo) 4- Como utilizar isto em meus objetivos? (verifique qual parte de seus objetivos podem ser alcançados ou aproximados através desta mudança)

Veja que, para direcionar uma mudança segundo seus objetivos, você primeiro deve ter um objetivo, certo? Trace metas de vida e estabeleça alguns cronogramas. Nada estressante, mas que mostre que você tem um plano de voo para sua vida e não caiu aqui de pára-quedas. Esta parte é muitas vezes a mais difícil. Se você não tem uma meta ou objetivo então não pode reclamar dos desvios da vida, pois todo lugar é um lugar. Mas se você tem uma direção decisiva, pode comandar os acontecimentos para poder alcançá-la. E, acredite, você pode alcançar tudo a que se propuser. Tudo. É só ter esta meta bem clara em sua mente e prestar atenção às mudanças de sua vida, para que possa conduzir as coisas até ela.

Relaxe e se deixe levar pelo fluxo das mudanças, esta é a sabedoria do Tao.

______________________________________ Gilberto Antônio Silva

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