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Símbolos, Fórmulas Mágicas e Rituais (Parte 4)

Atualizado: 30 de abr. de 2022



Por: Colorado Teus

Esta é uma série de textos que começou com Breve introdução à Magia, depois definimos nossos termos técnicos em Signos e então falamos sobre a precisão das divisões entre os planos em A Percepção e a Evolução. No capítulo passado sugeri uma experiência de organização e consagração do mundo físico, de modo a alterar o mundo das ideias, o mundo formativo, ou Yetzirah. Fazendo uso da capacidade do ser humano em perceber diferentes padrões, modificamos o ambiente de maneira a estabelecer um padrão que, sempre que entrarmos em tal ambiente, nossa consciência será levada a ele, de certa forma começamos a ter um domínio sobre nossos pensamentos utilizando o mundo físico para modificá-los.



Separei um trecho do livro “O Poder do Mito”, que é uma entrevista com Joseph Campbell, um dos melhores pesquisadores que o mundo já teve na área de mitologia comparada, para poder terminar de esclarecer sobre o ponto do experimento do último capítulo:

“MOYERS: Como transformamos nossa consciência?

CAMPBELL: Depende do que você esteja disposto a pensar a esse respeito. E é para isso que serve a meditação. Tudo o que diz respeito à vida é meditação, em grande parte uma meditação não intencional. Muitas pessoas gastam quase todo o seu tempo meditando de onde vem e para onde vai o seu dinheiro. Se você tem uma família para cuidar, preocupa-se com ela. Essas são todas preocupações muito importantes, mas, na maior parte dos casos, têm a ver apenas com as condições físicas. Como você pode transmitir uma consciência espiritual às crianças se você não a tem para você mesmo? Como chegar a isso? Os mitos servem para nos conduzir a um tipo de consciência que é espiritual.

Apenas como exemplo: eu caminho pela Rua 51 e pela Quinta Avenida, e entro na catedral de St. Patrick. Deixei para trás uma cidade muito agitada, uma das cidades economicamente mais privilegiadas do planeta. Uma vez no interior da catedral, tudo ao meu redor fala de mistérios espirituais. O mistério da cruz – o que vem a ser, afinal? Vejo os vitrais, responsáveis por uma forte atmosfera interior. Minha consciência foi levada a outro nível, a um só tempo, e eu me encontro num patamar diferente. Depois saio e eis-me outra vez de volta ao nível da rua. Ora, posso eu reter alguma coisa da consciência que tive quando me encontrava dentro da catedral? Certas preces ou meditações são concebidas para manter sua consciência naquele nível, em vez de deixá-la cair aqui, o tempo todo. E, afinal, o que você pode fazer é reconhecer que isto aqui é apenas um nível inferior ao daquela alta consciência. O mistério expresso ali está atuando no âmbito do seu dinheiro, por exemplo. Todo dinheiro é energia congelada. Creio que essa é a chave de como transformar a sua consciência.”

Bom, se temos o mundo físico modificando o mundo das ideias, podemos também utilizar o mundo das ideias para modificar o mundo físico. A base desse raciocínio é a de que as atitudes que tomamos no mundo físico são baseadas no nosso processo cognitivo; uma definição para cognição pode ser “O conjunto dos processos mentais usados – no pensamento – na classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.”

É aqui que entra o axioma mágico “Fake until you make it”, ou “Finja até ser/fazer de fato”. Fazendo alguma coisa repetidas vezes, programamos nosso cérebro a adotar aquele padrão como uma fórmula a ser seguida no nosso dia a dia ou em situações específicas.

Um exemplo simples: repita (falando com sua voz, não somente em pensamentos) consigo mesmo “Vai dar certo!” antes de fazer qualquer coisa que julgue relativamente difícil e que já tenha feito antes, para sentir a diferença em seus pensamentos (bom para acabar com bloqueios e travas, não deixa vir o famoso “branco” que te impede de lembrar de algo que você sabe).

Este tipo de repetição é ótimo para homogeneizar algum tipo de comportamento e deixá-lo mais consistente. No caso aqui do blog utilizo o nome “Colorado Teus” para escrever, não meu nome do mundo físico. Até hoje ninguém que não soubesse antecipadamente que eu era o “Colorado Teus” conseguiu descobrir sozinho, isto porque o estado de consciência que fico ao escrever para este blog é muito diferente do meu eu natural. No começo era puro fingimento, eu fingia ser Colorado Teus e tentava sempre tomar cuidado com alguns defeitos que meu eu do dia a dia tinha, que poderiam vir para os textos contra minha vontade. Depois de muito treinamento e repetição, estes defeitos escolhidos já nem chegam perto da minha mente enquanto estou escrevendo. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Gênesis 1:1 No princípio “Coloradoteus” era uma palavra, e Colorado Teus estava Comigo, e Colorado Teus era Eu.

Esta é uma fórmula mágica de criação e transformação ensinada na Bíblia. Vamos a mais uma definição:

“Uma fórmula mágica é um enunciado de como um fato ou teoria cosmológica é percebido. Uma fórmula mágica se desenvolve a partir de outra mais antiga, do mesmo modo como aumenta a habilidade humana de perceber a si mesmo e o Universo. Uma mudança na consciência torna necessária uma alteração na fórmula mágica. Isso não significa que a velha fórmula nunca mais funcione, mas apenas que a nova se revela muito melhor.” DUQUETTE, Lon Milo. 2007. A Magia de Aleister Crowley – Um manual dos Rituais de Thelema. São Paulo: Madras.

Ou seja, alguém consegue chegar num certo nível de consciência e, então, após ter o devido entendimento de como chegou até este nível, cria uma fórmula mágica que pode ajudar outras pessoas a chegarem também. Basicamente, é assim que funciona a magia a ritualística, os rituais são formados através da mistura de fórmulas mágicas, de modo que um padrão seja atingido com a pessoa alterando seu nível de consciência através das falas e encenações.

Um tipo de fórmula mágica que vale a pena ser frisada é o Símbolo. A palavra ‘símbolo’ vem do Grego e significa “Aquilo que une” (enquanto ‘diábolo’ significa “Aquilo que separa”). É um tipo específico de signo, geralmente transmite mais ideias do que as óbvias; vem de uma prática muito comum que é criar uma imagem para representar a ideia que une um grupo de pessoas ou empresa, feito com o intuito de que toda vez que estas pessoas olharem para ele, se lembrarão dos princípios e ideais que levaram à criação do grupo e como estão conectadas a esta criação, sendo assim este signo recebe a qualidade de símbolo.

Um exemplo prático, uma aliança de casamento é um ‘símbolo’, pois representa o que une duas pessoas, enquanto uma carta de divórcio é um ‘diábolo’, pois representa o que separa duas pessoas.

No processo de iniciação em uma ordem iniciática, a pessoa recebe uma introdução à base simbólica dela, de modo que a pessoa começa a aprender como aquele grupo pensa e o que os torna um grupo. Com o devido aprendizado a pessoa começa a conseguir alterar sua consciência com os símbolos da ordem e tornar seu corpo de ideias mais próximo ou harmonizado com o dos outros membros; o problema aqui é que aprender sobre um símbolo não é apenas ler em um livro sobre o que falaram dele, mas o aprendizado também está no plano dos sentimentos – aprender sobre que emoções aquele símbolo pode causar – que é o plano logo acima do plano das ideias, como foi dito na parte 3. Portanto, para se conectar concisamente com um grupo desses é necessário passar por uma série de estudos, experiências e rituais, de maneira que só assim a mudança será concisa e a pessoa será digna de falar e agir em nome do grupo e de seu trabalho.

É exatamente por isso que muitas ordens são fechadas e exigem certo nível de compreensão sobre alguma coisa antes do pretendente ser iniciado, caso a pessoa não tenha este tipo de compreensão os objetivos dos símbolos podem ser deturpados e isso pode atrapalhar futuros membros que ainda não tiveram a devida explicação, o que possivelmente provocará uma mudança de sentido no grupo ou fatalmente o destruirá, como já aconteceu com diversas ordens. Para tentar evitar isso, a maioria das ordens ensina os significados de maneira gradual, ou seja, cada pessoa ocupa um grau e vai aprendendo e experimentando os estados de consciência de acordo com seu merecimento; uma vez que chegam nos últimos graus terão grande possibilidade de atingir um grau de consciência similar ao que os criadores da ordem intencionavam que os membros atingissem.

Aliás, o nome “membros” vem exatamente daí, cada grau da ordem (o corpo todo) te ensina sobre o funcionamento de um pedaço do corpo e, incorporando os fundamentos de todos, você se torna este corpo.

Na fala de Joseph Campbell citada no começo deste capítulo, ele se pergunta sobre o mistério da Cruz, o que é este símbolo para um cristão? A cruz os lembra, toda vez que olham para ela, de um ato de compaixão, que é doar sua própria vida ou se arriscar por quem ama. A compaixão é tida como uma qualidade muito importante para manter um grupo de pessoas unidas, ou até mesmo uma sociedade, sendo um dos alicerces de grande parte dos grupos aqui no Brasil. Assim, sempre que alguma pessoa entra em contato com uma cruz, caso tenha sido iniciada em tal mistério, seu corpo de ideias é relembrado da ideia e ela consegue tomar decisões tendo aquilo em mente.

Para concluir este texto, vamos a um novo experimento: Atuando em um ritual.

Como aqui no TdC o Marcelo já fez um post só sobre o Ritual Menor dos Pentagramas, vou deixar o link aqui embaixo e propor, para quem quiser experimentar, que comentem sobre as reações e sensações que se tiverem durante e após a ‘encenação’. Um alarde sobre rituais: não brinquem com eles, forças que vocês nem imaginam que existem podem te ouvir e fazer com que o intencionado dê certo… a reação é obviamente sua!

A ideia do RMP é que a pessoa se coloque como Deusa e, após firmar isso em sua cabeça, movimente energias com a finalidade de alterar padrões específicos em sua consciência. No próximo texto comento um pouquinho mais sobre isso, com o aprofundamento em cada uma das fórmulas mágicas aqui utilizadas, o ritual também terá maior efeito. Então segue o link que explica como fazer o RMP:

Lembre-se, você é um Deus, possui o poder de criar com o verbo, então, Abrahadabra!

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