Esta é uma fábula de Esopo (620-560 a.C), recriada por La Fontaine (1621-1695). Escutei-a este final de semana de um Xamã da tradição Lupina e ela reflete muito o trabalho que tenho feito aqui no Blog, de fornecer subsídios para que vocês possam retirar as próprias coleiras.
Certa noite o lobo encontrou o cachorro todo elegante, com o pelo tratado e uma linda coleira no pescoço. "Invejo você", disse o lobo. "Tão saudável e gordo, enquanto eu estou aqui magro e faminto."
"Se você fizer o que eu faço, também vai engordar", respondeu o cão. "Meu dono me trata muito bem, não falta comida e meu único trabalho é latir à noite quando pressinto a presença de algum ladrão por perto. Se você quiser, pode vir comigo e vai receber o mesmo tratamento."
O lobo gostou da ideia. Afinal, levava um dia-a-dia muito cansativo, porque tinha de caçar a sua própria comida na floresta. Aceitou a proposta. Mas, enquanto caminhavam, notou que o cachorro estava com o pescoço todo esfolado, em carne viva.
"O que há com o seu pescoço?", perguntou o lobo.
"Não há nada. É que meu dono me prende a uma corda durante o dia para evitar que eu morda as pessoas da casa. Eu tento escapar, a coleira esfola o meu pescoço e às vezes perco um pouco de sangue. Mas à noite, quando há ninguém por perto, eu fico solto."
O lobo assustou-se com o relato e imediatamente desistiu da ideia de morar com o cachorro.
"Obrigado, prefiro morar na floresta e trabalhar para conseguir minha comida em liberdade."
Mesmo tendo sido escrita há 2.500 anos atrás, continua mais moderna do que nunca.