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A Viagem ao Templo

Era noite. Eu saí.

Atravessei o telhado da minha casa. Senti um vento fresco bater no meu corpo. Era uma sensação boa, de liberdade. Era possível ver todo o panorama do meu bairro e dos bairros próximos. Boa parte dos prédios do centro da cidade também.


Comecei a subir, elevando-me em direção ao céu estrelado. A altitude aumentava, os telhados das casas distanciavam-se pouco a pouco. A gravidade não era um empecilho; parecia que havia sido invertida, por um leve pensamento meu.

Aquela sensação de liberdade começou a tomar meu corpo mais intensamente. Eu podia voar para qualquer direção, a qualquer velocidade. Eu era puro pensamento viajando pelos ventos do mundo.

À altura que agora estava, sentia algumas nuvens passando por perto, rápidas, acompanhando o vento seco do outono. A cidade onde eu moro, lá embaixo, brilhava, do tamanho da palma de minha mão. As estrelas estavam mais limpas, mais brilhantes, mais nítidas. A Lua cheia brilhava, refletindo a luz solar. Branca e majestosa, me saudava e me convidava para subir mais, aproximando-me dela. A dama da noite.

Obedeci ao seu chamado. Subi um pouco mais rápido e mais longe. Agora dava pra ver a forma arredondada do mundo, o limite da atmosfera. De tão alto, dava pra ver os raios solares surgindo da borda do mundo, onde ainda era dia.


Aqueles raios, fortes e penetrantes, ávidos por viajar para além dos confins do espaço, passavam por mim. Lá, não havia a atmosfera para retardá-los, desviá-los ou enfraquecê-los. A força da nossa estrela mais próxima se fazia mais evidente.

Agora eu via o continente sul-americano bem delineado, com algumas nuvens atravessando-o. Tantas pessoas dormiam agora, nesse imenso trecho de terra envolta por oceanos profundos. Como somos pequenos! Preocupamo-nos tanto com tantas coisas... dessa perspectiva, tudo parecia tão insignificante.

Olhei novamente para "cima", ou seja, em direção à Lua. Ainda estava bem longe. Em algum ponto no meio do caminho, estava meu Refúgio. Parti velozmente em busca dele. Assim que o avistei, senti em meu coração uma paz indescritível. Ali eu estava protegido, confortado pelo meu Lar e banhado por aquela Luz vivificante.

Descansei naquelas paisagens e recarreguei meu espírito. Acendi a vela consagrada. Vi seus raios coloridos percorrer o céu do meu Refúgio e se unir à uma imensa teia de luz que circundava o mundo abaixo. Essa energia agora ligou-se aos meus centros, trazendo aquela sensação de comunhão que começava a se tornar familiar.

Li o tema do dia. Olhei para dentro. Vi as virtudes e os defeitos. Absorvi a mensagem. Iluminei um pouco mais os lugares escuros nos recônditos do meu ser. Conheci a mim mesmo um pouquinho mais...

Satisfeito, despedi-me de meu Santuário, fazendo o caminho de volta. O que me aguardava no próximo dia? Sem saber exatamente o quê, voltei para a Terra apenas esperançoso por novas e fantásticas experiências. Pois cada dia vivido aqui é uma dádiva, um presente, fruto do desejo e alimento do Infinito.

***

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