
A fórmula do vazio
Atualizado: 16 de mai.

Retirado do Tao Te Ching (*)
O Céu e a Terra não agem como nós, eles seguem a ordem natural lidando com todas as coisas como nós lidamos com os cães de palha nos rituais [1].
Assim também os sábios, ao lidar com as pessoas, não se preocupam em ser benevolentes, mas antes em permitir que a natureza dos homens se mova livremente.
Não poderíamos comparar o espaço entre o Céu e a Terra a um par de pulmões gigantescos?
Esvaziam, mas sem se exaurir. Enchem novamente… Quanto mais trabalham, mais respiram, sem jamais cansar.
Mas quem muito fala, se esgota rapidamente. Devemos calar e cuidar de nosso interior. Devemos mantê-lo liberto e vazio, como a natureza.
*** [1] Segundo Murillo Nunes de Azevedo, os “cães de palha” eram usados em rituais antigos como sacrifício, e destroçados impiedosamente. Não se sabe se isto é uma referência a alguma espécie de artesanato, ou a animais vivos (e sacrificados). Aleister Crowley preferiu usar o termo “talismãs usados”.
Todo mês traremos mais uma passagem do Tao Te Ching…

(*) Nesta tradução exclusiva do Tao Te Ching a partir da tradução clássica de James Legge para o inglês, Rafael Arrais (autor do blog Textos para Reflexão) usa do auxílio precioso das interpretações do ocultista britânico Aleister Crowley e do filósofo brasileiro Murillo Nunes de Azevedo para compor uma visão moderna da antiga sabedoria de Lao Tse.