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A Evolução como Espiral

Atualizado: 30 de abr. de 2022



“A condição humana é tal que o Ser pode encontrar-se com o Divino e mergulhar na Presença num Sábado e na Segunda-feira ver-se numa briga de trânsito por conta de uma fechada” – ?

Alguns sistemas compreendem o homem como uma multiplicidade de EUS lutando pelo controle, esses eus se agrupam por afinidade, em espécies de mini personalidades. Esses sistemas usam esse modelo para explicar as contradições do homem em sua vida cotidiana, sua falta de coerência com o mundo e consigo mesmo.

Outros sistemas entendem que o ser humano é um vasto e intrincado universo em si mesmo e que por isso, sendo composto de vários níveis de profundidade, estaria sujeito a variações em seu comportamento dada a interação extremamente complexa entre seu universo e o universo compartilhado, bem como os demais universos/consciências.

Inúmeras formas existem para se compreender tanto as contradições humanas quanto o próprio processo evolutivo humano, e a que abordaremos hoje é a evolução como espiral.


O ser humano pode expandir sua consciência em várias direção e dimensões, para o propósito dessa visão compreendemos o processo como uma espiral vertical que em círculos pode se mover para cima e para baixo.

Imagine que você vá a uma cerimônia mágica ou religiosa durante o fim de semana e lá tenha uma experiência espiritual significativa, seja ela da presença do Divino, um profundo estado de compaixão, esperança de que as coisas ficarão bem, vontade de ajudar o próximo. Depois de deixar o local volta para sua casa e seus afazeres e aos poucos aquela sensação vai se perdendo como um sonho que não anotamos e logo esvaece da memória ficando só a vaga lembrança do que você sentiu e não a sensação em si.

Os dias passam e você se encontra cada vez mais distante daquela sensação até que não reste mais nada, no máximo uma saudade de algo que você não sabe exatamente o que é, e nesse meio tempo você passa por situações cotidianas cada vez mais tensas e conflituosas que não raro revelam o pior de você, seja na sua relação com os demais, seja com você mesmo.

Chega novamente o fim de semana e você repete  a primeira experiência, a semana chega repete a segunda experiência e assim sucessivamente.

Como no eterno retorno nietzschiano o ser se vê repetindo as mesmas experiências e tendo as mesmas sensações, seus aprendizados adquiridos em seus estudos e experiências místicas parecem desconectados da realidade diária, ainda que lhe pareçam tão enraizadas e profundas quando apreendidas.

Essa é a espiral em que nos movemos, alguns tem círculos maiores, indo muito alto e em seguida caindo profundamente na inconsciência e desligando-se de quem verdadeiramente são ou do que poderiam ser, outros tem círculos menores variando muito pouto em relação do ponto mais baixo e do ponto mais alto.

Além de tudo isso é necessário lembrar que a espiral se locomove para cima ou para baixo, ou ainda pode ficar com seu centro parado e seu raio crescendo cada vez mais, cada vez mais alto e cada vez mais fundo, até que invariavelmente o centro não se sustenta o falcão não ouve mais o falcoeiro e a anarquia é liberta no mundo.

A observação desses padrões através desse método nos dá chaves importantes para o desenvolvimento da consciência, para o auto conhecimento e para a compreensão dos processos de outros irmãos.

Todos nós estamos nessa espiral e isso nos ajuda a entender porque pessoas que consideramos tão boas tem atitudes que nos parecem incoerentes, ela está na parte de baixo da espiral, e podemos ser mais compreensivos com nós mesmos e nossos irmãos ao percebermos que cada um de nós está em momentos diferentes dela.

Isso também nos dá uma ferramenta poderosa de compreensão, pois ninguém é, tudo está. Hoje o ser é uma coisa e amanhã ele é outra, julgue um homem pelo que você acha que ele é e pouquíssimo tempo depois seu julgamento está desatualizado. Julgue de acordo com o que ele pode ser e não há como errar.

Somos nossos altos e baixos e um buscador sincero vai diligentemente trabalhar para reconhecer seu ponto mais baixo e elevá-lo constantemente a ponto de ter um círculo cada vez menor, ao mesmo tempo em que vai buscar sempre fazer com que o ponto mais alto de sua espiral continue subindo alcançando degraus cada vez mais altos da consciência. O exercício é manter-se no topo, que seu ponto mais alto seja seu estado natural.

Para tanto o ser deve observar-se constantemente e reconhecer os pontos altos e baixos de sua espiral, assim o fazendo deve buscar sempre uma atitude que o leve em direção ao ponto mais alto, manifestar as atitudes desse ponto é uma chave para lá manter-se lá, viver essas experiência e antes de deixar o ato que o religou do divino, interagir com outros seres e realizar reflexões profundas sobre si mesmo, ancorando a consciência ou numa analogia a escalada, pregando espigões que não lhe permitam cair além daquele ponto.

Observar as pessoas de nossa convivência e reconhecer também seus pontos altos e baixos é um forma de não permitir que os comportamentos alheios influenciem no seu, assim se você está na parte superior e é incomodado ou deve interagir com alguém que parece estar bem abaixo de seu centro, é o momento de ser compreensivo e dessa forma trazê-lo para cima ao invés de permitir ser arrastado para baixo.

Tome a si mesmo sempre pelo ponto mais baixo, dessa forma você vai lutar com muito mais força para elevar seu nadir ou ponto mais baixo, e tome os outros sempre pelo seu ponto mais alto, independente do estado em que esteja ele, mantenha sempre na memória o Zênite desse ser, o seu ponto mais alto, assim terá a sua volta somente pessoas excepcionais, e se em algum momento ele lhe mostrar o seu pior, responda de acordo com o seu melhor, assim de alma para alma, ele encontrará o caminho de volta até o topo, e você não precisará mais descer.

Depois de compreendida essa lição, cabe aos irmãos lembrarem que essa espiral é em 3 dimensões, mas por ora trabalhemos em nossos círculos, as esferas só para daqui a algum tempo.

Chay !

– Frater Alef

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